sábado, 24 de julho de 2010

Treino de força para crianças, vale a pena?


Muitos mitos seguem o treinamento de força e hipertrofia para crianças. Seria cômodo uma criança praticar atletismo e não musculação, sendo que ambos geram impactos, mas que podem ser minimizados com uma boa orientação? Descubra nesse artigo esclarecedor.Nos últimos 10 anos o treinamento de força para crianças tem tido grande aceitação entre os profissionais de Educação Física, médicos e cientistas. Segundo Campos (2000).

Vamos entender primeiramente as fases de crescimento da criança:

* Ossos - a maior parte começa a se desenvolver no início da vida fetal, a partir da cartilagem ilíaca. O crescimento ósseo cessa variando de cada osso, mas geralmente ele termina em torno dos 18, 20 anos de idade.
* Tendões – têm suas propriedades mecânicas e sua composição muito influenciada pela idade. Antes da maturidade do esqueleto, os tendões e ligamentos são mais viscosos e mais complacentes.
* Músculos – Desde o nascimento até a adolescência, o tecido muscular está em contínuo aumento. A fase de pico do desenvolvimento muscular é a puberdade. O aumento da massa muscular com a idade é devido ao aumento dos miofilamentos e miofibrilas. O aumento do comprimento do músculo é resultado do aumento no número de sarcômeros e aumento do comprimento dos sarcômeros já existentes.
* Sistema nervoso endócrino – apresenta uma estreita relação com o crescimento, o desempenho motor e também com a composição corporal. Os três grupos principais de hormônios que participam destas funções (os hormônios adrenais, tireoideanos e gonadais) administram o crescimento e desenvolvimento por estímulos de anabolismo protéico, o que resulta na retenção de substâncias necessárias à construção dos tecidos. A questão hormonal

Sabe-se que não é possível em crianças pequenas o crescimento além do normal da massa muscular devido à imaturidade do sistema hormonal, por isso é importante que não seja prescrito hipertrofia muscular como objetivo. As mudanças nas secreções hormonais são responsáveis por muitas das alterações expressivas, tanto nos meninos como nas meninas, durante a pubescência. Os níveis de testosterona nos homens são de 10 a 20 vezes maiores do que nas mulheres e provocam enormes diferenças de tamanho e força muscular entre os sexos.

Logo, uma criança pode, de fato ser forte, mas o aumento brusco da massa muscular, deixará muito a desejar. A princípio, é sempre bom começar com o fortalecimento de tendões e articulações sendo que estas, se formam após os 5 anos de idade.

As necessidades são individuais. Crianças e adolescentes precisam desenvolver condicionamento cardiovascular, flexibilidade e habilidades motoras assim como força, portanto, o treinamento de força não deve consumir tanto tempo que chegue a ignorar estes outros aspectos de condicionamento no desenvolvimento de uma criança e interferir no seu tempo de lazer. É muito importante que elas entendam a razão do programa.

Benefícios do treinamento de força/hipertrofia:

* Aumento da resistência muscular.
* Aumento da força muscular que não só melhora a capacidade funcional da criança, como também protege as articulações pelas quais estes músculos passam, protegendo-os de lesões na prática de esportes e atividades recreacionais.
* Influência positiva no desempenho esportivo.
* Melhoria da coordenação muscular.
* Manutenção de aumento da flexibilidade e melhor controle postural.
* Aumento da densidade óssea e do condicionamento físico.
* Melhoria da força corporal total e potência muscular.
* Pouca ou nenhuma mudança do tamanho do músculo em crianças.
* Aumento das condições bioquímicas.
* Redução da gordura com conseqüente modelagem do corpo; influência positiva na* O combate ao sedentarismo e conseqüente promoção da saúde geral.
* Lazer e convivência social.
* Exercícios terapêuticos para várias afecções músculo-esqueléticas e reabilitação física.

Algumas das precauções nos métodos de treinamentos:

* É obrigatória a realização de um exame físico antes do início da participação num programa de treinamento
* A ênfase deve ser sobre as ações dinâmicas concêntricas.
* Os exercícios devem ser escolhidos de acordo com a faixa etária da criança, com o nível de condicionamento, com o nível de conhecimento e coordenação, assim como a experiência prévia.
* O programa deve conter alongamentos e exercícios de aquecimentos no começo da sessão. Na parte principal da aula os exercícios que envolvem grandes grupos musculares devem preceder os que envolvem menores músculos. Ao final da aula exercícios de “volta a calma”.
* Deve ter exercícios aeróbios como complementos do programa de musculação
* A amplitude deve ser a máxima que a articulação permita, sem diminuir a segurança do exercício.
* A sobrecarga após o processo de adaptação deve ser tal que permita a criança realizar uma média de 10 a 15 repetições por série. O número de repetições é em média de 15 a 20 repetições na fase de adaptação.
* O número de séries pode variar entre 1 e 2 na fase de adaptação e entre 2 e 3 nas crianças já adaptadas.
* A freqüência deve ser em média de 3 a 4 vezes por semana para ganhos gerais de condicionamento.
* O descanso entre as séries não precisa ser muito grande, em torno de 30 segundos a 1 minuto.

Conclusão:

Conclui-se então que é possível sim realizar treinamento de força com crianças, porém o cuidado e as precauções devem ser levados em consideração de maneira absurda, afim de prevenir lesões e outras complicações que podem, de fato, ser irreversíveis.

Créditos: Profª Michele Pereira CREF 8425G/RJ

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